terça-feira, 26 de dezembro de 2017

o tiro


poema sem sentido
amor demais amigo
reforma trabalhista
cigarro platônico
senador reempossado
texto sem coesão
prefeito eleito
frase mal dita
ódio espalhado
golpe na presidenta
personagem clichê
amante sem graça
praga de inimigo
jurar nunca mais
previsão da cartomante
economia em declínio
romance encomendado
testemunha que não morreu


foi o tiro que saiu pela culatra

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Rio Doce


o rio era doce,
veia grossa irrigando
esse corpo, Minas


gentes ribeirinhas
e o caudaloso  rio
eram uma coisa só


peixes e meninos
                               águas sagradas
mergulho tácito


desastre, acidente
isso vale?
e agora vale?


infinito de águas barrentas;
peixes, peixinhos,
peixosos onde estarão?


mar de lamas,  gentes tristes,
cidades observativas da morte de um rio,
que era doce.


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Flor de Castela


Ó Língua Portuguesa Brasileira,
a mais bela flor do Lácio,
em teu materno ventre geraste
a palavra nossa de cada dia.


Perdoe-me tão grave ofensa,
não por ser-te menos forte,
ou em ti encontrar menor abrigo
e nem por julgar-te dificultosa.


Pero, el castellano es una lengua
de tan pura poesía
que mis oídos tienden a oírla
con tanta renuncia y devoción.


Me gusta mucho el sonido
armonioso de las palabras
como si yo escuchara
la más bella música;


la noche, la pasión,  el cielo
la luna, el viento, la lluvia
las árboles,  el cuerpo, los sueños
la muerte, los besos, la vida.
Revisado por Rubem Leite





manifesto

isso tudo acontecendo

dois mil e dezessete,

e eu aqui na praça
dando milho aos pombos

vendo a banda passar
do lado de dentro

da minha janela.

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militância

borboleta branca pousa serena
no pezinho de acerola, manhã perfumada,
domingo, outono.

bailarina voa em giros e arabesques
por entre as flores.


e agora as últimas notícias de Brasília”


estamos em 2017

sorrio suavemente para o jardim
e volto à minha insignificância poética.




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poema embriagado


quase morre se tem desafetos
pula de alegria com pão de queijo

às vezes tem medo de lugar fechado
claustrofobia de bronquite infantil
nunca mata uma barata
vai que seja sua bisavó
escreve um poema
depois de dois copos de vinho
enquanto ouve Beethoven
ou é frio ou é quente
Pour Elise é uma música
da caixinha de bailarina
que ganhou quando adolescente
naquela época em que tomou um porre
de refrigerante com cachaça
e beijou o beijo do rapaz
que cantou e tocou o violão
com os dedos longos
da música do Fagner

esse poema está embriagado
e perdeu a linha do raciocínio

ela já nasceu atriz

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por um triz


uma professora tão idealista
cozinha, escreve, arruma
foi bailarina, namorada, atriz


menina mulher equilibrista
pés delicados em corda bamba
leva a vida por um triz





à terra


quando eu morrer
quero que me enterrem nua
na terra pura

U
A
meu corpo e a terra
serão uma só 
natureza.
voltarei ao 

   po

               esia 
                            em 
     movimento


TPM



se o poema vem
mas não é parido
o corpo fica sentido
e sofre TPM poética



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Liberdade

  Livro Liberdade - Flávia Frazão